domingo, 14 de julho de 2013

FRASES: - Ingmar Bergman


Para ALGUNS,
exprimir-se é escrever livros,
escalar montanhas,
bater nos filhos
ou dançar o samba.
Eu me exprimo fazendo filmes.




RANKING: - Top 250 IMDB Mais Votados Pelos Usuários

Não conheço nenhuma lista de melhores 'qualquer coisa' que não seja polêmica, esta, certamente, não é diferente 

Para esses top 250, somente os votos de eleitores regulares foram considerados.

Click no link do IMDB abaixo, para ver a lista completa, e a posição de seu filme favorito:




Veja como foi calculado a posição de cada filme

A formulação utilizada pelo IMDB para o cálculo dos Top Rated 250 Títulos  uma verdadeira estimativa Bayesiana, cuja fórmula da média ponderada é  (WR= (v ÷ (v + m)) × R + (m ÷ (v + m)) × C
em que:
  • R = average for the movie (mean) = (Rating)
  • v = number of votes for the movie = (votes)
  • m = minimum votes required to be listed in the Top 250 (currently 25000)
  • C = the mean vote across the whole report (currently 7.0)
O campeão: 

UM SONHO DE LIBERDADE (1994) - The Shawshank Redemption"





Dois homens presos com um forte vínculo criado ao longo de vários anos, encontram consolo e redenção através de atos de decência comum.

Diretor: Frank Darabont
Escritor: Stephen King (short story "Rita Hayworth and Shawshank Redemption"), Frank Darabont (roteiro)

domingo, 7 de julho de 2013

FRASES: Catherine Deneuve


“Sem o CINEMA, eu seria uma bela adormecida.
FOI ELE QUEM ME DESPERTOU”






O ÁLBUM DE FIGURINHAS Parte III

A CONSCIÊNCIA CRÍTICA

Você já tentou imaginar o mundo sem o cinema?

A alienada
Há prazeres para os sentidos; há alegrias para o coração; a felicidade é só para a consciência. Félix Bouvert

Da época dos primeiros filmes  celulóide em preto e branco até a era da imagem  3D, o cinema deu um enorme salto em sua evolução.
Muita coisa aconteceu desde a primeira exibição ocorrida naquele longínquo ano de 1895 até os nossos dias. O cinema tem passado por profundas transformações estéticas e tecnológicas. No início a evolução foi lenta, do processo de revelação dos negativos aos das novas câmeras, que nos idos de 1890 começavam a capturar movimentos. Depois acelerou, e uma das evoluções mais notáveis foi a substituição da velha e boa película pelo cinema digital. Esse processo evolutivo fez do cinema um dos inventos que mais receberam elogios, o que não o livrou de algumas críticas desfavoráveis. Seus críticos defendem a tese que ele condiciona a mente dos espectadores, notadamente do homem comum aquele despreparado. Consideram-no um objeto de alto poder alienante, aqui, obviamente, empregado no sentido de influenciar e anulação da personalidade do individuo. É fato que conteúdo cinematográfico não está livre de conotações político-ideológicas, pelo contrário, está impregnados do pensamento e crenças de seus realizadores. Não raro, com objetivos claros de persuasão, de mudar ideologias ou conceitos, levar pessoas a pensar e a agir diferente, tendo as mais diferentes das intenções.
Foto histórica: George Eastman, inventor
da película em celulóide, encontra Edson,
à direita, inventor da primeira câmera. 

E isso pode ser facilmente compreendido porque, por meio da linguagem cinematográfica o espectador experimenta as mais diversas sensações como choro, tédio, revolta, amor, ódio e simpatia, como se estivesse numa segunda realidade, ou como num sonho. Segundo ainda seus críticos, por isso a alienação impede que o espectador tenha consciência crítica frente à essas intenções. 

São em situações como essas que cada vez mais se evidencia a necessidade de resgatar o espectador dessa posição alienante mórbida, despertando-o para uma consciência crítica de forma que possa reagir positivamente diante das informações que lhe são transmitidas pelos conteúdos fílmicos.

A indústria do tabaco é um bom exemplo do uso planejado dessa poderosa influência, pois ao explorar bem essa alienação. Durante décadas o cinema induziu, como nenhuma outra arte, seus incautos espectadores a seguir hábitos de seus astros. O que pode ser facilmente constatado nos filmes daquele período, quando na esmagadora maioria das cenas era possível encontrar um astro, homem ou mulher, com um cigarro na mão. 

A ingênua
A virtude da ingenuidade é um troféu que quem possui nunca consegue levantar, devido  a dor que as feridas para mantê-la causam, Nanda Volpe
A vantagem de ser inteligente é que
podemos fingir que somos imbecis,
enquanto o contrário é
completamente impossível.

O espectador comum, ingênuo, é naturalmente refratário e apático a qualquer tipo de análise ou interpretação mais profunda de um filme, principalmente filosófica. E esse desleixe deve-se em sua grande parte ao seu desconhecimento da linguagem cinematográfica. Diletante, na maioria das vezes sem uma bagagem cultural mínima que o permita criticar, suas reações revelam certa simplicidade ou uma tendencia ao simplismo na interpretação de uma obra cinematográfica. 

Esse perfil de espectador tem por hábito encarar sua decisão de assistir a um filme, apenas como prática de lazer, e não também como uma fonte de aprendizado, uma oportunidade de descobrir idéias novas e de progredir. Em sua infinita simplicidade, ou maneira simplista de enxergar as coisas o faz encarar o ato de ver um filme apenas para 'matar o tempo', sem maiores compromissos que não o de se divertir. Não se importa com criticas em relação ás suas interpretações, para ele ir ao cinema trata-se apenas de um exercício de diletantismo. O que é um expediente fácil de quem deseja apenas se isolar em uma visão de mundo preconcebida e imune a qualquer confrontação com os fatos. 

Esse perfil de espectador não é dado a frequentar nas videolocadoras, por exemplo, as prateleira onde se encontram os filmes classificados como 'cinema de arte' ou 'papo cabeça'; pelo contrário, passam longe. São obras que exigem um pouco mais de esforço mental ou intelectual, e isso definitivamente não é com ele. Não porque seja menos inteligente que o espectador engajado, em absoluto, mas sim por que é indolente, apático; não se interessa por aprofundamentos filosóficos de qualquer natureza.
   
Fotograma de Morangos Silvestres (1957),
onde o relógio é emblemático; na infância

Bergman tinha hábito de nunca chegar na hora
aos seus compromissos, e era castigado por isso. 
Por esse motivo, nunca o veremos se preocupar com a busca existencial dolorosa em Ingmar Bergman (1918-2007), com a expressão lírica em Bernado Bertolucci (1941), com a arma política em Costa Gravas (1933), ou com a refinada crítica social em Woody Allen (1935). Justamente por isso, os filmes desses grandes cineastas, com algumas raríssimas exceções, serão encontrados na lista dos blockbuster. Eles não produzem filmes para as massas. 

A mente indolente é reticente a qualquer tipo de investigação, geralmente por partir do princípio de que tudo sabe. Satisfaz-se só com as experiências emotivas, sendo avesso ao esclarecimento. É frágil na discussão dos aspectos culturais do filme, apoiando-se mais no campo das emoções, em prejuízo, portanto, das sociológicas, antropológicas e  filosóficas. É portador de forte conteúdo passional. Não procura a verdade. Toda concepção lógica para ele é um mero jogo de cena. Como não tem como se aprofundar e se defender, acaba como vítima, manipulado.

A única forma de protegê-lo é colaborando com sua educação, estimulado-o a mudar, primeiro, o modo de pensar. Preparando-o para que seja crítico em relação aos acontecimentos, para assim poder entender os valores estéticos, culturais e filosóficos que estão sendo propostos, e, mais importante, reagir frente a eles. Em nome do bom senso, portanto, não é admissível ou aconselhável que se abandone uma sala de cinema da mesma forma que se entrou, isto é, totalmente ignorante. Tal comportamento deixa o espectador vulnerável. Porém, o grande desafio é a predisposição para aprender. Como disse Churcill: "Estou sempre disposto a aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem.". 

A engajada
A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará a ser a mesma.  Einstein

A consciência critica, contrariamente à alienada ou indolente, é, por natureza, questionadora. É grande observadora, atenta; experimenta, problematiza e verifica os fatos. Portanto, pensar de maneira crítica trata-se de uma forma poderosa sara demolir inverdades, falsas teorias, ou fatos manipulados. Este padrão de intelecto não aceita injunções ou qualquer tipo de manipulação − como exemplo vide 'Crítica 001', de Argo (2012), neste blog. Essa postura permite estabelecer a razão, as causas e o sentido filosófico das coisas. Importa, pois, aprender cinema como se aprende a ler e escrever. Defendo a tese que é necessário ensinar cinema a todos, inclusive iniciando-se pela escola primária, da mesma forma que se aprende a interpretar um texto, deve-se aprender a interpretar um filme.

A mente crítica substitui sofismas ou explicações fantasiosas, para consubstanciar-se em princípios filosóficos, experiências sociológicas e antropológicas bem sucedidas. Procura verificar ou testar as descobertas. Não tolera preconceitos. Repele acomodações. É intensamente inquieta; Indaga, investiga. Cinema é muito mais que apenas diversão. Há décadas estudiosos se debruçam ao estudo sobre seu significado filosófico e sua grande influência. Em seu livro “O Cinema Pensa – Uma introdução à filosofia através dos filmes”, Julio Cabrera ensina o espectador à, diante da tela do cinema, encontrar o que chamou de “conceitos-imagem”, conteúdos em parte racionais em parte sensíveis, transmitidos por quaisquer filmes. Segundo ele, esses conceitos especiais trazem concepções a respeito da realidade e devem ser encarados como verdadeiras teses filosóficas.

Ao se analisar uma obra cinematográfica é importante lembrar, que o imaginário nos leva à catarse, possibilitando a identificação com determinados personagens e situações.  Esta tendência natural, nos permite viver emoções e sensações novas, ou reviver antigas. Segundo Morin, essa mágica chama-se ‘processo de projeção’. Esse é o movimento que possibilita nos colocarmos no lugar do outro (empatia) - não confundir com simpatia-,  experimentando assim suas sensações.


Da mesma forma que é necessário conhecer a gramática de uma determinada língua para se escrever um texto, o mesmo se dá para se fazer um filme. A diferença é que no cinema se usa o plano no lugar das palavras. O plano cinematográfico diz respeito á posição que a câmera fica em relação ao assunto, que pode ser objetos ou pessoas; é o enquadramento. O nome plano é dado para o assunto capturado pela câmera de uma forma previamente planejada, ou concebida. Os tipos de plano, não são muitos, com exceção do detalhe e do plano conjunto, têm uma relação íntima com o corpo humano. Isto quer dizer que os enquadramentos têm referência através de partes do corpo e só são válidos para seres humanos.

Exemplo de posicionamenro plongée (câmera acima dos personagens),
no filme E.T. - O Extra-Terrestre (1982), de Spielberg..   
Existem outros elementos importantes na composição do linguagem do cinema, rica de possibilidades narrativas. O som é um deles, e esses elementos ganham força, tendo como base nossa imaginação. De uma maneira simplória, no caso do som, por exemplo, a coisa funciona assim: ele se divide em três categorias: locução, trilha sonora e efeito sonoro. Já no caso da imagem, sua comunicação é construída de duas formas: primeiro pelo conteúdo da imagem, e segundo pela forma com que ele é captado. Esta particularidade em captar a imagem, sua distância e o seu posicionamento influencia dramaticamente na dramaticidade do que está sendo mostrado. E esta capacidade de aumentar ou diminuir a dramaticidade de uma cena é uma das características mais elementares e marcantes da linguagem cinematográfica.

Poster de A Marca da da Maldade
Ela obedece a uma relação simples mas genial, que foi definida como ‘a distância do plano em que a câmera capta a personagem é igual à distância da personagem para o espectador’. O cineasta David Griffith foi pioneiro na utilização deste enquadramento e, por este motivo, é considerado o pai da linguagem cinematográfica. O plano de abertura do filme A Marca da Maldade (1958), é um dos mais ambiciosos e espetaculares já realizados pelo cinema. São três minutos e vinte segundos em que a câmera do genial Orson Welles (1915-1986), executa quase todos os movimentos que é capaz: vai à frente, sobe, desce, recua, está ora em plongée (posição acima do personagem), ora em contra-plongée (posição abaixo). E Orson Welles, que em 1941 revolucionou as técnicas de filmagem introduzindo importantes inovações com Cidadão Kane, não não ficou só por aí. Neste que é um dos planos mais fantásticos já filmados, ele atravessa vários quadras de uma pequena cidade na fronteira dos Estados Unidos com o México. As filmagens apresentaram enormes dificuldades, principalmente para o responsável pela iluminação, pois a cena foi realizada à noite, e para a coordenação exigida pelos movimentos dos personagens. 

Dois belos exemplos de Plano Americano: Hitchcock a esquerda em Intriga Internacional, e Ford em Rastros de Ódio a direita.
Vale aqui destacar o plano americano cujo posicionamento de câmera é muito utilizado. Ele enquadra o personagem (humano) do joelho para cima, portanto é impossível fazer um plano americano de um objeto, pois não possui joelho. Esta sua característica facilita a visualização  e reconhecimento da personagem e a movimentação da mesma. Este plano é envolto em controvérsias, e também foi inventado por Griffith, que chegou à conclusão de que a distância da câmera ao personagem, usada na época - câmera estática filmando o ator por inteiro exigia dela uma alta capacidade dramática, para que pudesse entendida pelo espectador. Com este plano, a mera se aproximava mais da personagem, permitindo que ela melhorasse sua expressão, ficando mais natural. 

Em vista do exposto, fica evidente que só será possível entendermos este processo se desenvolvermos um espírito crítico perante o cinema, e evitar assim nossa alienação. Qualquer espectador que não saiba refletir diante de um filme já se posiciona numa atitude inferior, defensiva e pouco racional. Ele pode até ser muito culto no campo verbal ou algum outro, mas não passará de um analfabeto no campo visual. Portanto, tentando fazer uso tanto quanto possível de uma linguagem direta, clara e sem rebuscamentos, este tópico foi construído com intensão de ser um alerta, chamar a atenção para o problema. O espetador que desejar se posicionar como agente transformador, terá que estar disposto a aprender. Terá que ser incansável na busca da informação seja onde ela estiver, em blogs e sites especializados, livros, ou qualquer outro meio disponível. Vai pesquisar, vai estudar, refletir e evoluir.

A sugestionável
Enfiar na cabeça dura das massas a devoção a Hitler, como o Deus da nova Alemanha, tornou-se o meu objetivo único. Goebbels 

Eat popcorn and drinke Coke.
Como produto cultural popular o cinema é uma fonte de entretenimento preferencial das massas. Esta sua característica o credencia como instrumento ideal para doutrinamento através de mensagens subliminares ou explicitas. Para provar esta teoria, em 1956, um sujeito chamado Jim Vicary fez um experimento interessante. O negócio funcionava de uma forma bem simples: com um segundo projetor, projetava uma mensagem sobre a tela na velocidade de 1/3000 de segundo, ou seja, de forma imperceptível a olho nu, mas sim para o cérebro. A mensagem continha a seguinte informação: ‘Eat popcorn and drink Coke” (Coma pipoca e beba Coca-Cola). Só em um cinema de Nova Jersey a venda de Coca-Cola aumentou em 57,7% e em 18,10% de pipoca. O teste provou que em uma sala de exibição, desligado de qualquer outro estímulo, o espectador vive uma outra experiência ou realidade.

Yves Montand em A Confissão
Não é por acaso que o cinema pode ser considerado uma arma política como mostram os filmes Z (1969) e a Confissão (1970)  de  Costa-Gravas (1933). Sua filmografia discute do terrorismo de estado aos dilemas do sistema financeiro. Atualmente com 80 anos, e com o filme O Capital (1912) acabado de sair do forno,  ele descarta a o título de 'cineasta político'. "Faço filmes sobre o que vejo", afirma. Mas, segundo ele "todos os filmes são políticos. Não há nada mais político do que um filme de super-herói.". Como diria o saudoso Chico Anísio: "E é mentira Terta?"  

Esta característica mensageira do cinema, frequentemente o faz vítima de censores, mormente em regimes autoritários. Porém, este mesmos regimes fazem uso desta característica seu favor, para atender seus interesses políticos ideológicos. A história possui vários episódios que servem ilustram este uso. Um dos mais notáveis foi protagonizado pelo Dr. Paul Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da Propagando de Adolf Hitler (1889-1945), na Alemanha Nazista. Personagem chave do regime, Goebbels ficou conhecido por sua retórica, mas também por exercer severo controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação. Soube como ninguém de sua época, utilizar o poder das imagens para atingir os objetivos nazistas.
Goebbels.

O cinema, na Alemanha Nazista,  ele foi largamente utilizado como um dos principais meio de difusão de idéias, pelo sistema de propaganda. Os nazistas valorizaram o cinema como um poderoso instrumento de propaganda. O interesse que Hitler e Goebbels teve pelo cinema não era apenas fascínio pessoal. Usá-lo como instrumento para propaganda tinha sido planejado pelo Partido Nazista desde 1930, quando se tornou o primeiro partido a estabelecer um departamento só para o cinema. As imagens produzidas pelo cinema podem atingir objetivos de forma impiedosa, se desejado, fazendo uso de poderoso arsenal como meio de persuasão. Principalmente para o espectador alienado.

Ser crítico
Os melhores críticos são os que efetivamente contribuem para melhorar a arte que criticam. Ezra Pound

A análise de uma obra cinematográfica possui características
recursivas próprias, que evoluem de modo empírico.
Em primeiro lugar, permitam que mencione um pensamento de Luis Espinal (1932-1980), segundo o qual “a crítica não é para dar uma ‘interpretação verdadeira’ sobre uma obra cinematográfica, porque ela não existe. Não existe porque o cinema não é preciso como o mecanismo de um relógio suíço. Carrega uma enorme gama de subjetividade e de sentido oculto, tanto para seu criador, como para seu espectador.”

Isto posto, começo por mencionar algumas ideias preconceituosas que circulam pela rede  a respeito do crítico de cinema. Por sinal, pouco lisonjeiras, elas atestam que o tipo, em sua maioria são esnobes; que qualquer um pode ser crítico de cinema; questionam se o papel do crítico contribui de fato para melhorar a arte que critica; que são apenas sujeitos frustrados pela incompetência de não poderem brilhar por trás de uma câmera; que passam o tempo metendo o bedelho onde não deviam; que crítico é o cara que gosta dos filmes que ninguém gosta, blá, bla, blá.. Tudo, obviamente, sandices.

Existe uma parcela, pequena, que realmente são esnobes. Tratam seus leitores com desdém e não respeitam sua inteligência e sensibilidade. O restante é folclore; pura inverdade. Como afirmou o francês André Bazin: “o crítico de qualidade é um sujeito que ao invés de trazer uma verdade inexistente numa bandeja de prata, prolonga o máximo possível o impacto da obra de arte".

Não tenho formação acadêmica em cinematografia. Tudo que consegui aprender sobre esta arte foi como autodidata. Conhecimentos que foram se acumulando pela visão atenta dos milhares de filmes vistos; um curso aqui outro acolá; e muita, mas muita leitura. Considerando que comecei a despertar interesse pelo assunto precocemente, aos quatro anos de idade, através de um inesquecível ‘álbum de figurinhas’ – título deste post −, sobre astros e estrelas de Hollywood; que fui pela primeira vez a um cinema aos cinco anos; que desde então nunca parei de ver filmes e ler sobre o tema, e que já cruzei a barreira dos sessenta, não fica difícil concluir de onde se origina meu modesto conhecimento.

Quem sabe lá no último escaninho do meu inconsciente talvez eu também seja um cineasta frustrado. Não acredito, definitivamente não é minha praia. Prefiro seguir o sábio ditado "Saber não saber, é saber. Não saber não saber, é não saber." Ou “Nunca se achar demais, porque tudo que é demais sobra, e tudo que sobra é resto e tudo que é resto vai para o lixo”, nos ensina essa frase de desconhecido.
Por Luiz Alvarenga

sábado, 6 de julho de 2013

FRASES: Steven Spielberg


“A pessoa que diz
que algo não pode
ser feito,
não deve interromper

a pessoa que o está fazendo.”


BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (The Dark Knight Rises, 2012 -EUA)

Com sua desejo de tingir de tom mais sombrio realista e adulto ao universo do homem-morcego, Nolan consegue salvar a saga da mediocridade.  
Porém, o filme não é tão grandioso quanto parece ser e seu final apesar de empolgar não ajuda o todo. Mas não decepciona.

A bela cena do alto da ponte vigiando a cidade, não foi gerada por computador, contou com a participação um dublê.
Os criadores
"Ele pertence a todos nós" - Bob Kane
Kane no início da carreira.
Bob Kane, nome artístico de Robert Kahn, (1915-1998), se Inspirou no Superman para, em 1939, desenhar seu homem-morcego. Criativo, Kane iniciou publicando sua própria revista que passaria por diversas reformulações. Com a ajuda do escritor Bill Finger resolveu desenvolver seu mascarado, o incansável combatente do crime — The Bat-Man (assim foi a identificação original). 

Finger conta: “me lembro de ter chegado na casa de Kane e visto seu primeiro esboço, do que ele chamava de The Bat-Man. Era bem parecido com o Superman, todo circense e vermelho, com uma capa que parecia grandes asas de morcego com a palavra ‘bat-man’ escrita ao fundo. Ele também usava uma máscara que tapava apenas seus olhos”. 

Finger então sugeriu a Bob que desenhasse um capuz com orelhas de morcego, e sobre sua identidade sugeriu que fosse um milionário. O primeiro nome, Bruce, foi escolhido do patriota escocês Robert Bruce, e Wayne, veio de Anthony Wayne, general do exército na época da Revolução Americana. No entanto, foi Bob Kane quem apresentou a ideia aos editores, e quem acabou ficando com os créditos pelo personagem.

Mais tarde, em sua autobiografia, Kane afirmou que Bill nunca havia pedido a ele para dar um jeito nisso; e que também não se prontificou a fazê-lo, por causa do seu ego. Declarou também que se sentiu muito mal com isso após a morte do companheiro. O cartunista Jerry Robinson, criador do Coringa, que esteve com Bill e Bob desde o começo, acredita que Kane deveria ter apoiado o escritor. 

A lenda começa com Bruce Wayne, ainda criança, assistindo o assassinato dos pais. Motivado pela vingança e pelo desejo de impedir que sua triste história se repetisse, o garoto Bruce passa a dedicar seu tempo no aprimoramento de suas habilidades. Nasce assim, um misto de Zorro e Sherlock Holmes em busca dos delinquentes que assolam Gothan City. Aos elementos busca da justiça como ação e o mistério dos contos de detetives, acrescentou-se as luvas ao uniforme do Morcego, o que permitiria efetuar as investigações sem deixar identificação. Tomava assim, forma o justiceiro implacável. 

Em 1940 ele ganhou um companheiro mais jovem, o Robin, para aliviar o tom sombrio do quadrinho. Os dois ganharam o apelido de 'dupla dinâmica., e a relação logo levantou suspeitas sobre a sexualidade dos dois personagens, que ainda persiste.

Para seus seguidores, Batman representa força de vontade, coragem, inteligência e dedicação, um humano com poderes especiais. Segundo os críticos, ele é o protetor da propriedade e da moral, um herói burguês a serviço da ideologia capitalista.

A criatura
"Eu sei que posso fazer um mundo melhor." - Batman
Conhecido mundialmente como Batman ele é, sem sombra de dúvida, o super-herói mais amado e famoso da América, e simboliza um dos primeiros heróis da história dos quadrinhos. Surgiu na década de 30, uma das mais ricas para a cultura de histórias quadrinhos. Porém, durante sua trajetória, sua luta contra o crime foi retratada pelos principais meios de comunicação como a TV, os videogames e experimentou também o poder do cinema. Sofreu ao longo das décadas muitas transformações como influenciou e ainda influencia muitos escritores de HQ. 

Batman foi o segundo super-herói a ser criado, e sua criação se deu por uma série de motivos. Antes de 1933 os quadrinhos eram apenas tiras em jornais, mas nesse ano começaram a ser publicados no formato que hoje é mundialmente conhecido como 'comics'. Na década anterior teve início os personagens de quadrinhos como Doc Savage e o Sombra. Esses dois, principalmente, foram os grandes influenciadores na a criação de Batman. Que, por sua vez, não só marcou o surgimento deste formato como também influenciou e ainda influencia muitos dos grandes escritores que se dedicam a esta mídia. 

Com seu enorme sucesso é impossível achar um ser humano que não saiba algo sobre o homem-morcego. Todavia existem coisas que até os mais fanáticos seguidores desconhecem. Abaixo, segue uma lista com algumas dessas particularidades pouco conhecidas:
Batman, o justiceiro 
Você já tinha percebido que ele nunca usou uma arma de fogo? Provavelmente, você nunca tenha visto o Batman atual usá-las. Afirmam que ele contra o uso desse tipo de arma devido ao trauma que sofreu, ainda criança, por ter presenciado a morte dos pais causada por uma arma de fogo. O assassinato ocorreu em um beco escuro de uma rua de Gotham City; não há confirmação dos autores para essa afirmação. Mas no início não era assim. Seu criador, Bob Kane, levou algum tempo até chegar ao personagem que conhecemos hoje. Portanto, Batman carregando uma arma não é um fato tão surpreendente assim. Na história Ano Dois, de 1987, por exemplo, ele não apenas carrega uma arma, como usa justamente a que vitimou seus pais. Nas primeiras histórias ele estava mais para uma espécie de detetive tipo Hercule Poirot ou Sherlock Holmes (fantasiados), com perfil mais investigativo, sem porém dispensar as depois odiosas armas de fogo em suas patrulhas noturnas. Mas logo Bob Kane chegou á conclusão que esse tipo de arma não combinava com seu personagem.

O parceiro 
O livro polêmico.
Um psiquiatra alemão chamado Fredric Wertham publicou em seu livro "Sedução dos Inocentes”, em 1954, uma afirmação polêmica sobre a dupla dinâmica.  O livro afirmava que as populares histórias em quadrinhos estavam contribuindo com a delinquência infantil, devido às imagens violentas. Apesar da maior parte das afirmações focarem os quadrinhos de crimes e terror, as histórias de super-heróis também não escaparam das críticas. O livro não usa meias palavras para afirmar que Batman e Robin formavam um casal gay. Nascia assim, uma dúvida que até hoje persiste para muita gente. Provavelmente, seja esse fato que levou muitos escritores a dar cores mais fortes à figura do mascarado, no caso seu alter ego Bruce Wayne, em um mulherengo. O fato é que esse livro já rendeu inúmeras discussões, e  Bruce Wayne não é um mulherengo sem vergonha. Ele se apaixonou algumas vezes, e sua obsessão é a luta contra o crime. 

O primeiro filme
Você sabe dizer qual foi o primeiro filme do homem-morcego? Alguns dirão que se trata do filme de 1990, de Tim Burton (1958-). Muitos, achando-se bem informados, não vacilarão em cometer outro erro afirmando que Adam West (1928-) atuou no primeiro filme do Batman em 1966. Mas primeiro filme do Batman é de 1943, The Batman, numa série de 15 capítulos que chegou a ser exibida na TV brasileira. O segundo é de 1949, Batman e Robin, também uma série de 15 capítulos. Todas a duas séries foram rodadas em P&B. 

Onde fica Gottam City? 
O primeiro homem-morcego residia em Nova Iorque, onde viviam muitos outros heróis de HQ. Com o tempo, resolveram criar um mundo particular para nosso herói. Uma cidade fictícia, que permitisse a liberdade de criar um universo novo. Contam que, um dos escritores abriu uma lista telefônica de Nova Iorque aleatoriamente, e achou o nome Gotham Jewlers. Nascia assim, o nome da cidade, cuja localização não era bem definida. Às vezes na costa leste, às vezes no centro-oeste, próximo de Metrópolis, cidade que o Super-Homem se mudou depois de adulto. Não podemos esquecer que ele é natural do Planeta Krypton, mas sua “cidade natal” na Terra é Smallville. 

Os fãs de Batman afirmam que Gotham está localizado na costa leste, mais precisamente no estado de New Jersey. Mas isso nunca foi aceito oficialmente por  seu criador ou os escritores que dão continuidade à história. Trata-se de teoria unicamente popular.

Todavia, há os que defendem que Gotham é o apelido de Nova Iorque utilizado muitos anos antes do Batman, e já usado em alguns em outra HQ, antes do lançamento de Batman. Assim como Arkham é o nome de uma cidade, nos livros de Howard Phillips Lovecraft. Alguns personagens sem importância para a história, quando enlouquecem, são enviados para Arkham Asylum.


Os verdadeiros nomes
Jack Napier, o Coringa.
Não é segredo para ninguém verdadeiro nome do homem-morcego: Bruce Wayne. Mas, e o nome dos demais personagens? Dos nomes desconhecidos, o grande mistério foi sempre o nome do Coringa, que permaneceu por muitos anos sem uma origem e identidade. Porém, nos anos oitenta já se sabia pelas HQs que seu verdadeiro nome era Jack Napier. Parece que o nome Jack Napier originou-se de Alan Napier ter interpretado Alfred na série Batman, na televisão. A história de origem do Coringa é de 1988: A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland. Já o companheiro Robin, é Dick Grayson, mas existem outros Robins, como o Jason Todd, o Tim Drake e o Stephanie Brown. Os nomes dos outros vilões também são bem conhecidos como a Mulher-Gato, Selena Kyle; o Pinguim, Oswald Cobblepot; e o Charada, Edward Nigma, daí e-nigma - boa charada né; Duas-Caras é Harvey Dent, que ficou claro com o filme; e o nome completo do leal mordomo é Alfred Pennyworth. 

O intérprete mais duradouro
Ao longo dos anos, não são poucos os nomes de Hollywood que têm desempenhado o papel do homem-morcego, mas quem o fez por mais tempo? Esse recorde pertence a Kevin Conroy, que cedeu sua voz a ele por longos doze anos.Foram sete séries de desenhos animados, seis jogos e cinco filmes de animação. 

Acabou sendo conhecido como a voz do Batman”. Conroy, com sua visão pessoal, concedeu originalidade ao personagem com a ideia de alterar o tom de voz quando Bruce se transforma em Batman,  O mesmo ocorre com Christian Bale nas três versões de Nolan.

O hábito faz o monge? - uma introdução filosófica
"Você pode se vingar do mal, sem se tornar parte dele?" Batman
Bruce Wayne o hábito que o transforma.
Ao longo de sua história, o cinema sempre se interessou pelo fenômeno da transformação. Já vimos em seus filmes pessoas que se transformam em outras, homens que viram vampiros ou lobos, vilões que podem se transformar em qualquer coisa ou  pessoa, como o vilão 'líquido' de O Exterminador do Futuro II - O Julgamento Final, (1991).  

Segundo Julio Cabrera, em seu livro o Cinema Pensa, a questão aristotélica - problematizada por Locke - que se coloca é a seguinte: essas pessoas que se transformam continuam sendo as mesmas depois de suas transformações? E, no caso de uma resposta positiva, o que é que continua existindo nelas, apesar da transformação?

[...] Ao contrário de outros metamorfoseados, Batman não sofre nenhuma alteração em seu corpo (como sofre, por exemplo, Drácula , ou o lobisomem protagonizado por Jack Nicholson em Lobo (1994). Batman, simplesmente usa uma roupa, pega um certo equipamento e adota uma personalidade nova, desenvolvendo atos insólitos do ponto de vista da vida habitual do milionário pacato e caridoso Bruce Wayne. A transformação é puramente externa - não afeta a corporalidade de Bruce, mas somente sua atuação e seu comportamento - , portanto seria plausível dizer que Batman e Bruce Wayne são, sem dúvida nenhum, a mesma pessoa. Contudo a questão não é tão simples. 

Em primeiro lugar, continua Cabrera,  [...] quando está vestido e age como o Batman, Bruce se torna irreconhecível para os outros, porque ele parou de agir como Bruce Wayne. Ao contrário de um amigo que reconhecemos em uma festa de fantasia, o que importa no caso de Batman é que ele, ao trocar de roupa, também muda de personalidade, de comportamento: comporta-se como um herói, maneja armas ultramodernas, torna-se valente, intrépido, violento e vingativo em seu ódio ao crime.

Mas agora coloquemos uma situação interessante para vocês refletirem: e se Bruce Wayne fosse a uma festa à fantasia vestido de Batman, mas continuasse falando e se comportando como Bruce Wayne, seria Batman? Como se pode constatar o personagem Batman é muito rico, podendo ser explorado por diversas outras perspectivas. E todas instigantes, não?       

O diretor
"Não mencionamos o Coringa de nenhuma forma. É algo forte que senti sobre meu relacionamento com Heath e a experiência que tive com ele durante O Cavaleiro das Trevas. Eu não queria de forma alguma explicar uma tragédia da vida real. Isso me pareceu inapropriado. Apenas temos novos personagens e a continuação da história de Bruce Wayne. Sem envolver o Coringa." -  Frase de Nolan explicando a ausência do Coringa em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
Nolan procurando o melhor ângulo.
Ninguém pode tirar o mérito de Christopher Nolan por ter resgatado a franquia Batman da mediocridade na qual se encontrava, após os fracos Batman Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997). Com Batman Begins (2005), o primeiro sob seu comendo, do qual participou também do roteiro em parceria com David S. Goyer (1965), os filmes ganharam fama e a expectativa pelo terceiro capítulo da saga cresceu muito.

Foi muito inteligente da parte de Nolan saber quando parar, e como parar. Como seria o último episódio a se envolver, ele teve a liberdade e a criatividade de fornecer ideias novas no encerramento de sua ótima contribuição ao universo do super-herói.

Christopher Johnathan James Nolan nasceu em Londres, em  30 de julho de 1970. Começou cedo, aos sete anos, a fazer filmes usando uma câmera super 8mm do seu pai, criando pequenas histórias com seus bonequinhos. Enquanto estudava Literatura Inglesa na University College of London, fazia filmes em 16mm com alguns amigos. 

Seu nome despertou atenção em 2000, com o brilhante roteiro de Amnésia. Naquele ano seu trabalho foi considerado um dos mais inovadores pela crítica e ele chegou a ser indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por seu trabalho.

Com obras de forte apelo psicológico, dirigiu em 2002 o policial Insônia, com Al Pacino (1940-) e Robin Williams (1974). O filme não chegou a encantar ninguém. Em 2005, com muita desconfiança, assumiu o desafio de resgatar Batman para o cinema. Não só conseguiu, como também deu vida nova ao personagem, trazendo seu lado sombrio e agressivo dos quadrinhos para as telas.

Em 2006 dirigiu o ótimo O Grande Truque, com Scarlett Johansson (1984-) , Christian Bale (1974-) e Hugh Jackman (1968-). O filme recebeu duas indicações ao Oscar em prêmios técnicos (Fotografia e Direção de Arte).A consagração chegou com o Batman - O Cavaleiro das Trevas em 2008. Sucesso absoluto de público e crítica, da qual recebeu rasgados elogios. O filme considerado o melhor da carreira de Nolan até o momento, precisou de apenas cinco dias para superar o faturamento alcançado por Batman Begins.

A obra
"Olho por olho e o mundo acabará cego." Mahatma Gandhi
A eterna luta do bem contra o mal.
Com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Christopher Nolan encerra a trilogia iniciada em 2005 com Batman Begins, seguido de O Cavaleiro das Trevas em 2008. O conjunto da obra deixa algumas constatações, para quem se interessa pela saga do homem-morcego. A primeira delas, é quanto ao tratamento maduro dado por Nolan em relação ao trabalhos de outros dois colegas seus ao universo do homem-morcego. Joel Schumacher (1939-), por exemplo, preferiu imprimir um estilo andrógino ao seu. Já Tim Burton (1958-), preferiu o estilo fábula para seu Batman, A terceira, que é inferior ao segundo episódio, de 2008.

Podemos destilar outras constatações interessantes: que ele é inferior ao seu predecessor, O Cavaleiro das Trevas (2008); e que seu vilão é fraco, e está longe de possui o carisma e tão pouco a intensidade psicológica do Coringa de Heath Ledger (1979-2008), que marcou para sempre o personagem.    

Trabalhando mineiramente, em silêncio, com o brilhante Walter Pfister (1961-), mais conhecido como Wally Pfister, seu diretor de fotografia preferido, que esteve em todos os seus filmes, exceção para Following (1998), e com o mesmo editor Lee Smith (1960), Nolan evita repetir os artifícios visuais e narrativos já tão batidos de outros filmes de super-heróis. O primeiro rejeitado por ele foi o uso do 3D. Sua preferência caiu para o formato IMAX, 
criado pela canadense IMAX Corporation, que tem a capacidade de mostrar imagens muito maiores em tamanho e resolução do que os sistemas convencionais de exibição de filmes.

Outro ponto positivo, cujo uso virou abuso entre outros diretores, foi as pouquíssimas cenas geradas por computador. O filme conta também com a fotografia espetacular de Wally Pfiste, sem falar na trilha sonora de Hans Zimmer (1957-), que também é co-responsável por compor o estilo Nolan de filmar. 
O Coringa de Ledger representou um marco
na saga do homem-morcego.

A história desse terceiro longa deu um salto à frente no tempo, situando-se 8 anos após a morte do promotor Harvey Dent. Durante esse tempo muita coisa mudou em Gotham City. Ela passou a reverenciar sua morte a ponto de estabelecer uma nova legislação, para tornar as ruas da cidade mais segura; o incansável Comissário Gordon perdeu prestígio e está para sair de circulação com sua aposentadoria; e o milionário Bruce Wayne segue seu exílio voluntário na mansão, carregando a culpa pela morte do promotor. Além de acusado de matar o promotor, encontra-se abalado pela morte de Rachel.

Entrementes, os cidadãos não percebem que um novo perigo ronda suas vidas. Dessa vez, trata-se de perigoso mercenário e terrorista chamado Bane, interpretado por Tom Hardy (1977-), Solicitado a mais uma vez salvar Gotham, agora da destruição absoluta, ouve a seguinte frase de Alfred, seu mordomo: "Espero que você vá e não retorne", 

Hardy com a máscara que talvez o impede de se expressar com mais vigor.
Batman é um personagem que possui uma das galerias de vilões mais ricas e famosas, entre os super-heróis dos quadrinhos. Se os Coringas de Heath Ledger e Jack Nicholson (1937-) eram malvados, cada um à sua maneira, mas só queriam ver o circo pegar fogo, o vilão Bane de Tom Hardy quer vê-lo destruído. Um vilão que a princípio parecia promissor, decepciona com desenrolar do filme e deixa a certeza de ser apenas mais um brutamontes criado pelo cinema. Um dos principais problema do personagem é a total falta de carisma. Definitivamente, ele não empolga. Falta-lhe a complexidade psicológica do brilhante Coringa criado por Ledger, bem como o humor sarcástico do memorável Coringa de Jack Nicholson Talvez sua ridícula máscara (que faz lembrar Hannibal Lecter), tenha sido, sem trocadilho, a vilã do vilão, causado a Tom Hardy dificuldades em conseguir um desempenho como Nicholson e Ledger, que usavam apenas uma pintura em seus rostos. Mas não deixa nada a desejar quanto à violência gratuita.

Ra’s Al Ghul
Cria de Ra’s Al Ghul, o mentor de Bruce Wayne, Bane planeja destruir a cidade e levar junto todos seus símbolos de justiça. Seus planos acabam forçando o homem-morcego a sair de sua toca, ou aposentadoria se preferirem, passando também a ser alvo de Bane e de seu plano para acabar com toda a esperança dos moradores de Gotham City. Seu fanatismo pela ordem é tão grande quanto o de Batman, porém de um jeito bem particular, o qual, acredita, o autoriza eliminar do caminho burgueses, políticos e autoridades. Bane se julga a salvação dos excluídos, como ele mesmo se define “o mal necessário

Por outro lado, entre os fatores que somam pontos a favor do filme está a atuação de parte do elenco. Se por um lado há decepção com as atuações de Tom Hardy e Marion Cotillard (1975-), que não conseguiu repetir sua atuação em A Origem (2010) - também de Nolan, o mesmo não acontece com Anne Hathaway (1982-). Ela sim, com um ótimo desempenho conseguiu que seu personagem Selina Kyle esbanjasse vitalidade e carisma. Conquistou simpatia logo na primeira aparição. Selina ficou num limbo entre ser uma vilã ou uma espécie de anti-heroína (o velho dilema shakespeareano)



Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Selina, uma mulher-gato cheia de dilemas.  
Para o personagem Selina Kyle o interesse despertado foi grande. A gata que ás vezes se faz passar por uma ambígua femme fatale, parece aquele tipo que nunca se pode confiar inteiramente. Ao contrário do alquebrado Bruce Wayne, sua postura é de leveza e boa forma atlética. Nela é possível encontrar mais uma das qualidades de Nolan: a criatividade. Foi legal sua ideia de substituir as orelhinhas da Mulher Gato por um óculos especial, tipo visão noturna, que ajuda a moça em seus passeios. Outro fato interessante, é que em nenhum momento ela é chamada de Mulher-gato, mas todo mundo sabe que ela o é apenas pelo seu visual. Nolan utilizou-se aqui da máxima que "uma imagem vale por mil palavras". De longe a melhor mulher-gato da saga. Os outros destaques ficam para Joseph Gordon-Levitt (1981-) no papel de Blake, o policial novato, e Gary Oldman (1958-), sempre acima da média, interpretando o comissário Gordon.

Porém, apesar de merecer elogios o filme não está isento de problemas. E somam-se outros aos já citados. O primeiro, está no roteiro, escrito com a participação do irmão Jonathan Nolan, que tivesse de 20 a 30 minutos a menos ganharia muito em qualidade. O segundo, é seu início, cuja sequência apesar de não ser ruim é longa, prejudicando o desenvolvimento. Terceiro, o excesso de explicações lógicas e flashbacks. Quarto, são com a voz do vilão Bane, muito artificial, chega a incomodar, e que em algumas cenas está alta demais.  Quinto, não é possível deixar de falar sobre o excesso dos surrados clichês; quantas vezes já não vimos um super-herói retornando de um exílio, obter uma vitória inicial, seguida por uma derrota humilhante, perder seus poderes e depois dar uma de Fênix?



Desta vez Christian Bale (1974-) interpretou um Batman fora de forma e cheio de sequelas sofridas em consequência de uma vida dedicada à  luta contra o crime. O herói tem como objetivo apagar seus dados do registro criminal da polícia de Gotham, como uma forma de fuga do passado. Para sair da toca e salvar a cidade, Wayne procura novamente por um novo cinto de utilidades, suportado pela avançada tecnologia desenvolvida por Lucius Fox, personagem de Morgan Freeman (1937-), que tem um papel muito semelhante ao de "Q" dos filmes de 007. Wayne conta ainda com a colaboração do Comissário Gordon; de Blake, o policial novato; de Miranda, uma bilionária de passado obscuro, e a ladra transformada em aliada, Selina Kyle, interpretada com competência por Anne Hathaway. 

Nolan optou por um visual mais sóbrio,
para encerrar sua trilogia.
Ao contrário do visual estético moderno observado, por exemplo, nos últimos episódios do Homem Aranha, o Batman de Nolan preferiu seguir a linha da sobriedade. Em Ressurge não existe o prerrequisito de se ter visto os anteriores. 

Para finalizar, pode se afirmar que: primeiro, O Cavaleiro das Trevas Ressurge conseguiu um final digno para a trilogia de Nolan, e, segundo, que está entre os bons filmes de 2012, sem que isso possa significar uma assombro, pois nos últimos tempos as vacas andam muito magras pelos lados da Meca do cinema. 
Por Luiz Alvarenga