quinta-feira, 30 de maio de 2013

FRASES: - Marilyn Monroe


"Você já esteve
 em uma casa 
com 40 quartos? 
Bem, então multiplique
 minha solidão por 40."


quarta-feira, 29 de maio de 2013

O ÁLBUM DE FIGURINHAS Parte I

UM TOLO DECIDE ENCARAR O MONTRO
"Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela." Einsten.
Há algum tempo vinha convivendo com a angústia da indecisão. Então, quando menos esperava, meu médico me veio com esta: "Procure escrever, pode ser sobre qualquer coisa, ajudar a prevenir o Alzheimer.". Foi a gota d’água.
Com imagens poderosas, o cinema criou e alimentou um apetite voraz pelo espetáculo, oferecendo a oportunidade de se recriar o passado, reimaginar o presente e visualizar o futuro. 
A aventura da imagem - uma breve digressão
“A fotografia é a verdade, o cinema é a verdade 24 vezes por segundo.” Godard

Como o conhecemos hoje podemos afirmar que o cinema nasceu nas barracas de feiras e nas salas dos fundos de cafés. Porém, a primeira exibição ocorreu na noite do dia 28 de dezembro de 1895. Foi em uma sala nos fundos do Grand Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Então, o mundo assistia pela primeira vez a uma projeção de dimensões acanhadas, em preto e branco e ainda mudo. As imagens eram de trabalhadores saindo de uma fábrica dos Lumiére, e de um trem chegando a uma estação. Bem rústicas, se comparadas ao alto padrão de qualidade atingido pelo cinema atual, deixou porém, a plateia boquiaberta, acostumada que estava apenas com slides estáticos. Com esta projeção, paga, os pioneiros Louis (1864-1948) e Auguste Lumiére (1862-1954), realizavam um sonho de muitos inventores, do próprio Edson inclusive, que mudaria decisivamente e para sempre o mundo do entretenimento.

Antes da Primeira Guerra Mundial, Itália e França tinham o cinema mais popular e poderoso do mundo. Mas o conflito destruiu o promissor negócio do cinema no continente europeu. Foi quando, então, os EUA começaram a se destacar produzindo e importando filmes. Neste momento, alguns produtores independentes começaram a migrar de Nova York à costa oeste, para um pequeno povoado chamado Hollywoodland. Mal sabiam eles que um futuro promissor estava por chegar. O movimento foi incentivado por um cineasta chamado David Griffith (1875-1948), mais conhecido pelo seu  Intolerância (1916), bem como pelo controverso O
A esquerda poster de O Nascimento de Uma Nação, e à direita 
uma cena em que se vê claramente um branco com o rosto pintado.
Nascimento de uma Nação
 (1915). O filme apesar de ter sido um sucesso de público, sofreu duras críticas devido ao seu conteúdo racista. Nele os negros (brancos com os rostos pintados) foram mostrados como os vilões da guerra civil norte americana. Todavia, tirando o lado politicamente incorreto, o filme continha várias das inovações técnicas e dramáticas criadas por ele.


É considerado atualmente como o pai do cinema, mas não por ser o inventor, e sim por ter criado a 'moderna linguagem cinematográfica' exatamente como a conhecemos. Ele foi um dos pioneiros no cinema norte americano, e chegou a realizar cerca de 50 filmes por ano. Seu talento criativo permitiu que a câmera de cinema abandonasse sua origem fotográfica, abandonando as imagens estáticas do tripé, sempre apoiado ao solo, para explorar o potencial de sua mobilidade. Com esta simples mas ao mesmo tempo revolucionária alteração, fez com que o espectador passasse a sentir que também participava da ação e se identificar com o que via. Outra importante descoberta foi o uso inteligente da montagem  para que a narrativa ganhasse em emoção. Criou a linguagem dos planos (enquadramentos) ao levar a câmera para próximo dos atores, era o close-up, e assim captar seu todo seu potencial dramático. E não parou por aí, com seu poder criativo foi o primeiro a usar o recurso do flashback e a introduzir as mudanças de luz e sombra para criar atmosfera.

A meca.
O lugarejo para onde migraram os pioneiros logo se tornaria o mais importante centro do cinema no mundo,  passando a ser conhecido como a Meca do Cinema. O local oferecia as condições ideais para se rodar um filme: sol durante quase todo ano; uma paisagem exuberante, que servia como locações, e uma variada etnia composta por negros, brancos, latinos, indianos, orientais e, pelos índios, principalmente. Logo Hollywood se transformaria no mais importante centro da indústria cinematográfica do planeta.

Também não demorou muito para que o cinema adquirisse o status de importante atividade social. As senhoras vestiam o que tinham de melhor em seus guarda roupas e empoavam-se toda para ir ao cinema; era um acontecimento social. Os jovens, por sua vez, criaram o hábito de se encontrar nestas ocasiões para flertar. O cinema ganha o sentido de espetáculo, e passa a ser o grande assunto nas rodas sociais. Portanto, começava bem cedo a exercer sua influência, assumindo o papel de principal veículo a embalar nossos sonhos.  

O cinema transformou-se rapidamente em um negócio altamente lucrativo, e passou a ser visto como a indústria sem fumaça; poderosa e exercendo enorme influencia em nosso cotidiano. Ditando hábitos e costumes, o cinema experimentou constante evolução. Esta rápida evolução teve também por influenciada as mudanças sociais, culturais, e econômicas ocorridas no primeiro século de sua invenção. Nenhuma das outras seis formas de expressão artística conhecidas obteve a espantosa disseminação que o cinema alcançou. Através dele as pessoas passaram a interagir com maior frequência e mais facilmente umas com as outras, traduzindo e expressando suas emoções e sentimentos, idéias e desejos. Foi uma mudança de paradigma.

Após a Segunda Guerra Mundial, o cinema passou por uma fase que teve como característica uma busca frenética e constante por novas formas de expressão e renovação de conteúdo. Foi um período dinâmico em que o novo envelheceu rapidamente e vice versa. Nesta fase, sobressaíram-se alguns movimentos como o neo-realismo italiano, a nouvelle vague francesa, o Cinema do Terceiro Mundo, o underground, e outros menos conhecidos. Todos, porém, tiveram como premissa o vento da renovação. Todavia, ao lado deste dinamismo criador, persistiram velhos problemas: a censura; o papel da política no cinema (aqui vale citar o Macartismo, a abordado em ocasião oportuna devido seu impacto no cinema); a polêmica em torno do chamado cinema de autor; a autonomia artística frente ao poder econômico e outros. Tudo faz parte da história do cinema.
Imagem clássica de Godard na busca de um melhor enquadramento. À direita cena de Os Incompreendidos (1969), dirigido poe ele. 
Aqui vale abrir outro parênteses, este para uma rápida análise a pelos menos dois dos movimentos acima citados, dado a importância que ambos representaram para o cinema: a nouvelle vague francesa e o  neo-realismo italiano. O primeiro, um dos mais famosos no cinema, ganhou força na França durante os anos 60. O movimento surgiu principalmente através de gente ligada à revista Cahiers du Cinema. Eram jovens visionários que procuravam mudar o cinema francês, segundo eles estagnado. Enquanto em Hollywood, surgiam astros do quilate de um Henry Fonda (1905-1982), James Jean (1931-1955), Paul Newman (1925-2008) e Marlon Brando (1924-2004), na França a produção cultural era pífia. Como resultado, a França passaria por várias mudanças. Imperava o conservadorismo e a juventude começava a se movimentar para combater aquele status quo.

Os movimentos estudantis acabaram por se organizar, ganhando força e o apoio de jornalistas cinéfilos, intelectuais e jovens cineastas como Jean-Luc Godard (1930) e François Truffaut (1932). Com isto, contaminaram toda a sociedade e o movimento atingiu seu ápice em 1968, quando adquiriu o significado e proporções revolucionárias. Em maio daquele ano estouraria a greve geral. 
O Movimentos Estudantil na França em maio de 1968.
Diferentemente, o neo-realismo, movimento cultural italiano, surgiu espontaneamente e se desenvolveu durante a Segunda Guerra Mundial com suas consequências. Teve enorme influência no cinema contemporâneo, principalmente no período compreendido entre 1943 e 1955. Seus maiores expoentes foram Roberto Rossellini (1906-1977), Vittorio De Sica (1901-1974), Luchino Visconti (1906-1976) e Michelangelo Antonioni (1912-2007). Este movimento vanguardista se preocupou, pela primeira vez no cinema, em retratar o cotidiano da população pobre e trabalhadora, e sua dura realidade. Ao contrário do cinema de ficção, a sua característica de buscar representar de forma enfática a realidade social e econômica da Itália naqueles tempos de pós guerra, acabou por deixá-lo com um estilo parecido ao dos documentários. Mas nem por isto menos importante que a nouvelle vague. Outra sua característica marcante o hábito de filmar nas ruas e não em estúdios, como no cinema tradicional de Hollywood. A idéia era que os filmes retratassem com fidelidade o moral italiano do pós-guerra, refletindo as mudanças sociais (sentimento e as condições de vida), como a frustração. a pobreza, o desespero, a esperança, o resgate, o desejo de de deixar o passado medonho para trás, e começo de uma vida nova.                        
Dois clássicos do neo-realismo italiano: Ladrões de Bicicletas (1948), de De Sica; e Roma, Cidade Aberta (1945), de Rossellini 

Um tolo decide encarar o monstro 
Os inteligentes deliberam; os tolos decidem." Anarcasis

"Nossas dúvidas são traiçoeiras e nos 
fazem perder o que, com frequência
poderíamos ganhar por simples medo 
de arriscar." Shakespeare 
A presunção em julgar-me capaz de escrever sobre cinema deve ser creditada ao Cacá, meu filho mais velho. A coisa toda começou, não faz muito tempo, quando ele me veio com a seguinte arenga: “Pai, se gosta tanto de escrever e de cinema, por que não escreve sobre o assunto?” Quando menos esperava, lá estava eu em palpos-de-aranha. Foi como revolver brasas adormecidas debaixo de cinzas.

Sem o saber ele havia despertado um sonho bem antigo, hibernado há a anos, que teve início quando já encontrava-me próximo à ‘idade do lobo’. Para quem ainda não conhece a expressão, explico: refere-se a nós, homens, que ao atingir determinada faixa de idade começamos a ter algumas idéias esquisitas na cabeça. Embora, por puro preconceito, costumamos resistir a ela, é quando começa o climatério, que vem a ser como se fosse uma menopausa masculina. Não queiram polemizar, porque já está cientificamente provado que é acontece. Em poucas palavras, a tal 'idade do lobo', acontece quando começamos a sentir com mais peso a passagem dos anos (a famosa idade dos metais), e de repente percebemos que estamos na terrível 'casa dos enta', e já não somos mais os mesmos.  

A idéia de realizar algo ligando minhas duas paixões, escrever e cinema, começou a me atormentar no final dos anos 80. No meio do caminho, atrapalhando o sonho, havia o desconforto pelo conflito entre o ardente desejo de realizá-lo, e o pesadelo pelo receio de não ter a necessária competência. E esta simples possibilidade tornava o desejo, um sonho. sabia que ainda não possuía a maturidade necessária para encarar o desafio . Naqueles tempos já conhecia uma máxima que dizia: “Qual a primeira coisa que deve fazer quem começa a filosofar? Rejeitar a presunção de saber. De fato, não é possível começar a aprender aquilo que se presume saber.”. Muito sábio.

Desde então o tempo foi passando e eu vivendo com a angústia da indecisão. Como não há bem que sempre dure, nem mal que sempre perdure, tudo tem fim, certo dia meu geriatra – sim meus caros já os consulto; e por favor não me venham com gracejos – saiu-me com esta: "Luiz, procure escrever, pode ser sobre qualquer assunto, atividade mental ajuda a combater o Alzheimer". Aquilo soou como uma bomba. Naquele exato instante o medo se dissipou como que por um passe de mágica, e me lembrei de outra máxima, esta de Einstein: "Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela.". Então, eu, tolo, decidi encarar o 'monstro'.
Por favor, aguardem pela Parte II - O sonhe de escrever.
Por Luiz Alvarenga

sábado, 18 de maio de 2013

sexta-feira, 17 de maio de 2013

TRIBUTO: - Ben-Hur

Enquanto redigia o primeiro texto a ser publicado no blog, surgiu a idéia de criar uma seção, que chamei de 'Tributo', para homenagear pessoas ou algo relativo aos filmes. Neste primeiro, queria publicar a imagem de uma cena marcante. Entretanto, que imagem seria esta? Que critério usar? Decisão difícil; em pouco mais de cem anos o cinema foi pródigo de imagens espetaculares em filmes como Casablanca, A Marca da Maldade, Rastros de Ódio, Psicose, E o Vento Levou e Lawrence da Arábia, para ficar só nestes. 

A escolha acabou pendendo para o lado sentimental. Foi tirada de um filme que assisti ainda na adolescência, em 1962, aos 12 anos, e que exerceu grande influência em minha vida. Trata-se de um filme que devido sua duração, 2 horas 40 minutos, não se assiste na TV. Um épico de ação baseado em um romance do século XIX. Ganhou 11 Oscar, das 12 indicações que recebeu, estabelecendo um recorde igualado somente 40 anos depois por Titanic. 

Infelizmente, Hollywood não consegue mais produzir filmes como este. Já não realizam épicos como naqueles tempos. Quando o fazem, como Gladiador (2000), os cenários grandiosos, os extras e a maioria das cenas de ação, são produzidos por computação gráfica. 

Uma produção grandiosa com 350 papeis com falas, mais de 50 mil figurantes seria impensável. Os custou seriam astronômicos. Somente a mítica sequência da corrida de bigas, repleta de ação, consumiu oito meses de planejamento, e sozinha custou à época um milhão de Dólares sem correção.   

Não por acaso, já o vi e revi por mais de 40 vezes nestes últimos cinquenta anos. 

"Now listen to me, all of you. 
You are all condemned men. 
We keep you alive to serve this ship. 
So row well, and live." - Quintus Arrius


Por Luiz Alvarenga 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

SEJA BEM VINDO!


Prezado leitor.

"Tenho muito o que fazer. Preparo o meu próximo erro." Bertolt Brecht

Após um longo período de indecisão e muito incentivo, principalmente de minha sobrinha e jornalista Ana Paula, resolvi, finalmente, criar coragem para criar meu próprio blog. O assunto não poderia ser outro que não aquele que julgo, sem presunção, ter algum conhecimento: cinema. O desafio não é pequeno; aceito, agora será tentar fazer algo novo, diferente não ser apenas mais um. O que não será fácil, visto os tantos e bons blogs que já existem. Eu tento, vocês julgam.


Aproveito para lembrar que o objetivo de uma crítica cinematográfica deve ser, primordialmente, contribuir para melhorar o entendimento que o leitor tenha sobre o assunto em pauta - mesmo que, democraticamente, ele não concorde. O importante é não esquecer que todo debate de ideias contribui para o crescimento de ambos, leitor e quem escreve.

O único porém, o que aperreia qualquer um que se disponha a escrever sobre cinema, fica para comentários do tipo: "É, mas eu gostei do filme!" ou "Eu não gostei do filme!" Ora, ora, bolas, depois que alguém se dá ao trabalho de ler um texto, com argumentos bem embasados e sensatos, não é possível aceitar que um cidadão tenha tão pouco a dizer. Inteligência de menos? Creio que não. Prefiro acreditar que seja apenas preguiça mental. Por favor, se você pretende deixar comentários deste tipo, talvez seja mais proveitoso poupar seu tempo, evitando passar recibo de tolo. Se não concorda com o que lê, tudo bem, há então duas alternativas: ignore ou argumente. Apenas afirmar coisas do tipo "Eu gostei", pode ser um forte indício de falta de cultura.

Assim, por favor, aguardem o primeiro post.


Luiz Alvarenga