sábado, 6 de julho de 2013

BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (The Dark Knight Rises, 2012 -EUA)

Com sua desejo de tingir de tom mais sombrio realista e adulto ao universo do homem-morcego, Nolan consegue salvar a saga da mediocridade.  
Porém, o filme não é tão grandioso quanto parece ser e seu final apesar de empolgar não ajuda o todo. Mas não decepciona.

A bela cena do alto da ponte vigiando a cidade, não foi gerada por computador, contou com a participação um dublê.
Os criadores
"Ele pertence a todos nós" - Bob Kane
Kane no início da carreira.
Bob Kane, nome artístico de Robert Kahn, (1915-1998), se Inspirou no Superman para, em 1939, desenhar seu homem-morcego. Criativo, Kane iniciou publicando sua própria revista que passaria por diversas reformulações. Com a ajuda do escritor Bill Finger resolveu desenvolver seu mascarado, o incansável combatente do crime — The Bat-Man (assim foi a identificação original). 

Finger conta: “me lembro de ter chegado na casa de Kane e visto seu primeiro esboço, do que ele chamava de The Bat-Man. Era bem parecido com o Superman, todo circense e vermelho, com uma capa que parecia grandes asas de morcego com a palavra ‘bat-man’ escrita ao fundo. Ele também usava uma máscara que tapava apenas seus olhos”. 

Finger então sugeriu a Bob que desenhasse um capuz com orelhas de morcego, e sobre sua identidade sugeriu que fosse um milionário. O primeiro nome, Bruce, foi escolhido do patriota escocês Robert Bruce, e Wayne, veio de Anthony Wayne, general do exército na época da Revolução Americana. No entanto, foi Bob Kane quem apresentou a ideia aos editores, e quem acabou ficando com os créditos pelo personagem.

Mais tarde, em sua autobiografia, Kane afirmou que Bill nunca havia pedido a ele para dar um jeito nisso; e que também não se prontificou a fazê-lo, por causa do seu ego. Declarou também que se sentiu muito mal com isso após a morte do companheiro. O cartunista Jerry Robinson, criador do Coringa, que esteve com Bill e Bob desde o começo, acredita que Kane deveria ter apoiado o escritor. 

A lenda começa com Bruce Wayne, ainda criança, assistindo o assassinato dos pais. Motivado pela vingança e pelo desejo de impedir que sua triste história se repetisse, o garoto Bruce passa a dedicar seu tempo no aprimoramento de suas habilidades. Nasce assim, um misto de Zorro e Sherlock Holmes em busca dos delinquentes que assolam Gothan City. Aos elementos busca da justiça como ação e o mistério dos contos de detetives, acrescentou-se as luvas ao uniforme do Morcego, o que permitiria efetuar as investigações sem deixar identificação. Tomava assim, forma o justiceiro implacável. 

Em 1940 ele ganhou um companheiro mais jovem, o Robin, para aliviar o tom sombrio do quadrinho. Os dois ganharam o apelido de 'dupla dinâmica., e a relação logo levantou suspeitas sobre a sexualidade dos dois personagens, que ainda persiste.

Para seus seguidores, Batman representa força de vontade, coragem, inteligência e dedicação, um humano com poderes especiais. Segundo os críticos, ele é o protetor da propriedade e da moral, um herói burguês a serviço da ideologia capitalista.

A criatura
"Eu sei que posso fazer um mundo melhor." - Batman
Conhecido mundialmente como Batman ele é, sem sombra de dúvida, o super-herói mais amado e famoso da América, e simboliza um dos primeiros heróis da história dos quadrinhos. Surgiu na década de 30, uma das mais ricas para a cultura de histórias quadrinhos. Porém, durante sua trajetória, sua luta contra o crime foi retratada pelos principais meios de comunicação como a TV, os videogames e experimentou também o poder do cinema. Sofreu ao longo das décadas muitas transformações como influenciou e ainda influencia muitos escritores de HQ. 

Batman foi o segundo super-herói a ser criado, e sua criação se deu por uma série de motivos. Antes de 1933 os quadrinhos eram apenas tiras em jornais, mas nesse ano começaram a ser publicados no formato que hoje é mundialmente conhecido como 'comics'. Na década anterior teve início os personagens de quadrinhos como Doc Savage e o Sombra. Esses dois, principalmente, foram os grandes influenciadores na a criação de Batman. Que, por sua vez, não só marcou o surgimento deste formato como também influenciou e ainda influencia muitos dos grandes escritores que se dedicam a esta mídia. 

Com seu enorme sucesso é impossível achar um ser humano que não saiba algo sobre o homem-morcego. Todavia existem coisas que até os mais fanáticos seguidores desconhecem. Abaixo, segue uma lista com algumas dessas particularidades pouco conhecidas:
Batman, o justiceiro 
Você já tinha percebido que ele nunca usou uma arma de fogo? Provavelmente, você nunca tenha visto o Batman atual usá-las. Afirmam que ele contra o uso desse tipo de arma devido ao trauma que sofreu, ainda criança, por ter presenciado a morte dos pais causada por uma arma de fogo. O assassinato ocorreu em um beco escuro de uma rua de Gotham City; não há confirmação dos autores para essa afirmação. Mas no início não era assim. Seu criador, Bob Kane, levou algum tempo até chegar ao personagem que conhecemos hoje. Portanto, Batman carregando uma arma não é um fato tão surpreendente assim. Na história Ano Dois, de 1987, por exemplo, ele não apenas carrega uma arma, como usa justamente a que vitimou seus pais. Nas primeiras histórias ele estava mais para uma espécie de detetive tipo Hercule Poirot ou Sherlock Holmes (fantasiados), com perfil mais investigativo, sem porém dispensar as depois odiosas armas de fogo em suas patrulhas noturnas. Mas logo Bob Kane chegou á conclusão que esse tipo de arma não combinava com seu personagem.

O parceiro 
O livro polêmico.
Um psiquiatra alemão chamado Fredric Wertham publicou em seu livro "Sedução dos Inocentes”, em 1954, uma afirmação polêmica sobre a dupla dinâmica.  O livro afirmava que as populares histórias em quadrinhos estavam contribuindo com a delinquência infantil, devido às imagens violentas. Apesar da maior parte das afirmações focarem os quadrinhos de crimes e terror, as histórias de super-heróis também não escaparam das críticas. O livro não usa meias palavras para afirmar que Batman e Robin formavam um casal gay. Nascia assim, uma dúvida que até hoje persiste para muita gente. Provavelmente, seja esse fato que levou muitos escritores a dar cores mais fortes à figura do mascarado, no caso seu alter ego Bruce Wayne, em um mulherengo. O fato é que esse livro já rendeu inúmeras discussões, e  Bruce Wayne não é um mulherengo sem vergonha. Ele se apaixonou algumas vezes, e sua obsessão é a luta contra o crime. 

O primeiro filme
Você sabe dizer qual foi o primeiro filme do homem-morcego? Alguns dirão que se trata do filme de 1990, de Tim Burton (1958-). Muitos, achando-se bem informados, não vacilarão em cometer outro erro afirmando que Adam West (1928-) atuou no primeiro filme do Batman em 1966. Mas primeiro filme do Batman é de 1943, The Batman, numa série de 15 capítulos que chegou a ser exibida na TV brasileira. O segundo é de 1949, Batman e Robin, também uma série de 15 capítulos. Todas a duas séries foram rodadas em P&B. 

Onde fica Gottam City? 
O primeiro homem-morcego residia em Nova Iorque, onde viviam muitos outros heróis de HQ. Com o tempo, resolveram criar um mundo particular para nosso herói. Uma cidade fictícia, que permitisse a liberdade de criar um universo novo. Contam que, um dos escritores abriu uma lista telefônica de Nova Iorque aleatoriamente, e achou o nome Gotham Jewlers. Nascia assim, o nome da cidade, cuja localização não era bem definida. Às vezes na costa leste, às vezes no centro-oeste, próximo de Metrópolis, cidade que o Super-Homem se mudou depois de adulto. Não podemos esquecer que ele é natural do Planeta Krypton, mas sua “cidade natal” na Terra é Smallville. 

Os fãs de Batman afirmam que Gotham está localizado na costa leste, mais precisamente no estado de New Jersey. Mas isso nunca foi aceito oficialmente por  seu criador ou os escritores que dão continuidade à história. Trata-se de teoria unicamente popular.

Todavia, há os que defendem que Gotham é o apelido de Nova Iorque utilizado muitos anos antes do Batman, e já usado em alguns em outra HQ, antes do lançamento de Batman. Assim como Arkham é o nome de uma cidade, nos livros de Howard Phillips Lovecraft. Alguns personagens sem importância para a história, quando enlouquecem, são enviados para Arkham Asylum.


Os verdadeiros nomes
Jack Napier, o Coringa.
Não é segredo para ninguém verdadeiro nome do homem-morcego: Bruce Wayne. Mas, e o nome dos demais personagens? Dos nomes desconhecidos, o grande mistério foi sempre o nome do Coringa, que permaneceu por muitos anos sem uma origem e identidade. Porém, nos anos oitenta já se sabia pelas HQs que seu verdadeiro nome era Jack Napier. Parece que o nome Jack Napier originou-se de Alan Napier ter interpretado Alfred na série Batman, na televisão. A história de origem do Coringa é de 1988: A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland. Já o companheiro Robin, é Dick Grayson, mas existem outros Robins, como o Jason Todd, o Tim Drake e o Stephanie Brown. Os nomes dos outros vilões também são bem conhecidos como a Mulher-Gato, Selena Kyle; o Pinguim, Oswald Cobblepot; e o Charada, Edward Nigma, daí e-nigma - boa charada né; Duas-Caras é Harvey Dent, que ficou claro com o filme; e o nome completo do leal mordomo é Alfred Pennyworth. 

O intérprete mais duradouro
Ao longo dos anos, não são poucos os nomes de Hollywood que têm desempenhado o papel do homem-morcego, mas quem o fez por mais tempo? Esse recorde pertence a Kevin Conroy, que cedeu sua voz a ele por longos doze anos.Foram sete séries de desenhos animados, seis jogos e cinco filmes de animação. 

Acabou sendo conhecido como a voz do Batman”. Conroy, com sua visão pessoal, concedeu originalidade ao personagem com a ideia de alterar o tom de voz quando Bruce se transforma em Batman,  O mesmo ocorre com Christian Bale nas três versões de Nolan.

O hábito faz o monge? - uma introdução filosófica
"Você pode se vingar do mal, sem se tornar parte dele?" Batman
Bruce Wayne o hábito que o transforma.
Ao longo de sua história, o cinema sempre se interessou pelo fenômeno da transformação. Já vimos em seus filmes pessoas que se transformam em outras, homens que viram vampiros ou lobos, vilões que podem se transformar em qualquer coisa ou  pessoa, como o vilão 'líquido' de O Exterminador do Futuro II - O Julgamento Final, (1991).  

Segundo Julio Cabrera, em seu livro o Cinema Pensa, a questão aristotélica - problematizada por Locke - que se coloca é a seguinte: essas pessoas que se transformam continuam sendo as mesmas depois de suas transformações? E, no caso de uma resposta positiva, o que é que continua existindo nelas, apesar da transformação?

[...] Ao contrário de outros metamorfoseados, Batman não sofre nenhuma alteração em seu corpo (como sofre, por exemplo, Drácula , ou o lobisomem protagonizado por Jack Nicholson em Lobo (1994). Batman, simplesmente usa uma roupa, pega um certo equipamento e adota uma personalidade nova, desenvolvendo atos insólitos do ponto de vista da vida habitual do milionário pacato e caridoso Bruce Wayne. A transformação é puramente externa - não afeta a corporalidade de Bruce, mas somente sua atuação e seu comportamento - , portanto seria plausível dizer que Batman e Bruce Wayne são, sem dúvida nenhum, a mesma pessoa. Contudo a questão não é tão simples. 

Em primeiro lugar, continua Cabrera,  [...] quando está vestido e age como o Batman, Bruce se torna irreconhecível para os outros, porque ele parou de agir como Bruce Wayne. Ao contrário de um amigo que reconhecemos em uma festa de fantasia, o que importa no caso de Batman é que ele, ao trocar de roupa, também muda de personalidade, de comportamento: comporta-se como um herói, maneja armas ultramodernas, torna-se valente, intrépido, violento e vingativo em seu ódio ao crime.

Mas agora coloquemos uma situação interessante para vocês refletirem: e se Bruce Wayne fosse a uma festa à fantasia vestido de Batman, mas continuasse falando e se comportando como Bruce Wayne, seria Batman? Como se pode constatar o personagem Batman é muito rico, podendo ser explorado por diversas outras perspectivas. E todas instigantes, não?       

O diretor
"Não mencionamos o Coringa de nenhuma forma. É algo forte que senti sobre meu relacionamento com Heath e a experiência que tive com ele durante O Cavaleiro das Trevas. Eu não queria de forma alguma explicar uma tragédia da vida real. Isso me pareceu inapropriado. Apenas temos novos personagens e a continuação da história de Bruce Wayne. Sem envolver o Coringa." -  Frase de Nolan explicando a ausência do Coringa em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
Nolan procurando o melhor ângulo.
Ninguém pode tirar o mérito de Christopher Nolan por ter resgatado a franquia Batman da mediocridade na qual se encontrava, após os fracos Batman Eternamente (1995) e Batman & Robin (1997). Com Batman Begins (2005), o primeiro sob seu comendo, do qual participou também do roteiro em parceria com David S. Goyer (1965), os filmes ganharam fama e a expectativa pelo terceiro capítulo da saga cresceu muito.

Foi muito inteligente da parte de Nolan saber quando parar, e como parar. Como seria o último episódio a se envolver, ele teve a liberdade e a criatividade de fornecer ideias novas no encerramento de sua ótima contribuição ao universo do super-herói.

Christopher Johnathan James Nolan nasceu em Londres, em  30 de julho de 1970. Começou cedo, aos sete anos, a fazer filmes usando uma câmera super 8mm do seu pai, criando pequenas histórias com seus bonequinhos. Enquanto estudava Literatura Inglesa na University College of London, fazia filmes em 16mm com alguns amigos. 

Seu nome despertou atenção em 2000, com o brilhante roteiro de Amnésia. Naquele ano seu trabalho foi considerado um dos mais inovadores pela crítica e ele chegou a ser indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por seu trabalho.

Com obras de forte apelo psicológico, dirigiu em 2002 o policial Insônia, com Al Pacino (1940-) e Robin Williams (1974). O filme não chegou a encantar ninguém. Em 2005, com muita desconfiança, assumiu o desafio de resgatar Batman para o cinema. Não só conseguiu, como também deu vida nova ao personagem, trazendo seu lado sombrio e agressivo dos quadrinhos para as telas.

Em 2006 dirigiu o ótimo O Grande Truque, com Scarlett Johansson (1984-) , Christian Bale (1974-) e Hugh Jackman (1968-). O filme recebeu duas indicações ao Oscar em prêmios técnicos (Fotografia e Direção de Arte).A consagração chegou com o Batman - O Cavaleiro das Trevas em 2008. Sucesso absoluto de público e crítica, da qual recebeu rasgados elogios. O filme considerado o melhor da carreira de Nolan até o momento, precisou de apenas cinco dias para superar o faturamento alcançado por Batman Begins.

A obra
"Olho por olho e o mundo acabará cego." Mahatma Gandhi
A eterna luta do bem contra o mal.
Com O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Christopher Nolan encerra a trilogia iniciada em 2005 com Batman Begins, seguido de O Cavaleiro das Trevas em 2008. O conjunto da obra deixa algumas constatações, para quem se interessa pela saga do homem-morcego. A primeira delas, é quanto ao tratamento maduro dado por Nolan em relação ao trabalhos de outros dois colegas seus ao universo do homem-morcego. Joel Schumacher (1939-), por exemplo, preferiu imprimir um estilo andrógino ao seu. Já Tim Burton (1958-), preferiu o estilo fábula para seu Batman, A terceira, que é inferior ao segundo episódio, de 2008.

Podemos destilar outras constatações interessantes: que ele é inferior ao seu predecessor, O Cavaleiro das Trevas (2008); e que seu vilão é fraco, e está longe de possui o carisma e tão pouco a intensidade psicológica do Coringa de Heath Ledger (1979-2008), que marcou para sempre o personagem.    

Trabalhando mineiramente, em silêncio, com o brilhante Walter Pfister (1961-), mais conhecido como Wally Pfister, seu diretor de fotografia preferido, que esteve em todos os seus filmes, exceção para Following (1998), e com o mesmo editor Lee Smith (1960), Nolan evita repetir os artifícios visuais e narrativos já tão batidos de outros filmes de super-heróis. O primeiro rejeitado por ele foi o uso do 3D. Sua preferência caiu para o formato IMAX, 
criado pela canadense IMAX Corporation, que tem a capacidade de mostrar imagens muito maiores em tamanho e resolução do que os sistemas convencionais de exibição de filmes.

Outro ponto positivo, cujo uso virou abuso entre outros diretores, foi as pouquíssimas cenas geradas por computador. O filme conta também com a fotografia espetacular de Wally Pfiste, sem falar na trilha sonora de Hans Zimmer (1957-), que também é co-responsável por compor o estilo Nolan de filmar. 
O Coringa de Ledger representou um marco
na saga do homem-morcego.

A história desse terceiro longa deu um salto à frente no tempo, situando-se 8 anos após a morte do promotor Harvey Dent. Durante esse tempo muita coisa mudou em Gotham City. Ela passou a reverenciar sua morte a ponto de estabelecer uma nova legislação, para tornar as ruas da cidade mais segura; o incansável Comissário Gordon perdeu prestígio e está para sair de circulação com sua aposentadoria; e o milionário Bruce Wayne segue seu exílio voluntário na mansão, carregando a culpa pela morte do promotor. Além de acusado de matar o promotor, encontra-se abalado pela morte de Rachel.

Entrementes, os cidadãos não percebem que um novo perigo ronda suas vidas. Dessa vez, trata-se de perigoso mercenário e terrorista chamado Bane, interpretado por Tom Hardy (1977-), Solicitado a mais uma vez salvar Gotham, agora da destruição absoluta, ouve a seguinte frase de Alfred, seu mordomo: "Espero que você vá e não retorne", 

Hardy com a máscara que talvez o impede de se expressar com mais vigor.
Batman é um personagem que possui uma das galerias de vilões mais ricas e famosas, entre os super-heróis dos quadrinhos. Se os Coringas de Heath Ledger e Jack Nicholson (1937-) eram malvados, cada um à sua maneira, mas só queriam ver o circo pegar fogo, o vilão Bane de Tom Hardy quer vê-lo destruído. Um vilão que a princípio parecia promissor, decepciona com desenrolar do filme e deixa a certeza de ser apenas mais um brutamontes criado pelo cinema. Um dos principais problema do personagem é a total falta de carisma. Definitivamente, ele não empolga. Falta-lhe a complexidade psicológica do brilhante Coringa criado por Ledger, bem como o humor sarcástico do memorável Coringa de Jack Nicholson Talvez sua ridícula máscara (que faz lembrar Hannibal Lecter), tenha sido, sem trocadilho, a vilã do vilão, causado a Tom Hardy dificuldades em conseguir um desempenho como Nicholson e Ledger, que usavam apenas uma pintura em seus rostos. Mas não deixa nada a desejar quanto à violência gratuita.

Ra’s Al Ghul
Cria de Ra’s Al Ghul, o mentor de Bruce Wayne, Bane planeja destruir a cidade e levar junto todos seus símbolos de justiça. Seus planos acabam forçando o homem-morcego a sair de sua toca, ou aposentadoria se preferirem, passando também a ser alvo de Bane e de seu plano para acabar com toda a esperança dos moradores de Gotham City. Seu fanatismo pela ordem é tão grande quanto o de Batman, porém de um jeito bem particular, o qual, acredita, o autoriza eliminar do caminho burgueses, políticos e autoridades. Bane se julga a salvação dos excluídos, como ele mesmo se define “o mal necessário

Por outro lado, entre os fatores que somam pontos a favor do filme está a atuação de parte do elenco. Se por um lado há decepção com as atuações de Tom Hardy e Marion Cotillard (1975-), que não conseguiu repetir sua atuação em A Origem (2010) - também de Nolan, o mesmo não acontece com Anne Hathaway (1982-). Ela sim, com um ótimo desempenho conseguiu que seu personagem Selina Kyle esbanjasse vitalidade e carisma. Conquistou simpatia logo na primeira aparição. Selina ficou num limbo entre ser uma vilã ou uma espécie de anti-heroína (o velho dilema shakespeareano)



Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Selina, uma mulher-gato cheia de dilemas.  
Para o personagem Selina Kyle o interesse despertado foi grande. A gata que ás vezes se faz passar por uma ambígua femme fatale, parece aquele tipo que nunca se pode confiar inteiramente. Ao contrário do alquebrado Bruce Wayne, sua postura é de leveza e boa forma atlética. Nela é possível encontrar mais uma das qualidades de Nolan: a criatividade. Foi legal sua ideia de substituir as orelhinhas da Mulher Gato por um óculos especial, tipo visão noturna, que ajuda a moça em seus passeios. Outro fato interessante, é que em nenhum momento ela é chamada de Mulher-gato, mas todo mundo sabe que ela o é apenas pelo seu visual. Nolan utilizou-se aqui da máxima que "uma imagem vale por mil palavras". De longe a melhor mulher-gato da saga. Os outros destaques ficam para Joseph Gordon-Levitt (1981-) no papel de Blake, o policial novato, e Gary Oldman (1958-), sempre acima da média, interpretando o comissário Gordon.

Porém, apesar de merecer elogios o filme não está isento de problemas. E somam-se outros aos já citados. O primeiro, está no roteiro, escrito com a participação do irmão Jonathan Nolan, que tivesse de 20 a 30 minutos a menos ganharia muito em qualidade. O segundo, é seu início, cuja sequência apesar de não ser ruim é longa, prejudicando o desenvolvimento. Terceiro, o excesso de explicações lógicas e flashbacks. Quarto, são com a voz do vilão Bane, muito artificial, chega a incomodar, e que em algumas cenas está alta demais.  Quinto, não é possível deixar de falar sobre o excesso dos surrados clichês; quantas vezes já não vimos um super-herói retornando de um exílio, obter uma vitória inicial, seguida por uma derrota humilhante, perder seus poderes e depois dar uma de Fênix?



Desta vez Christian Bale (1974-) interpretou um Batman fora de forma e cheio de sequelas sofridas em consequência de uma vida dedicada à  luta contra o crime. O herói tem como objetivo apagar seus dados do registro criminal da polícia de Gotham, como uma forma de fuga do passado. Para sair da toca e salvar a cidade, Wayne procura novamente por um novo cinto de utilidades, suportado pela avançada tecnologia desenvolvida por Lucius Fox, personagem de Morgan Freeman (1937-), que tem um papel muito semelhante ao de "Q" dos filmes de 007. Wayne conta ainda com a colaboração do Comissário Gordon; de Blake, o policial novato; de Miranda, uma bilionária de passado obscuro, e a ladra transformada em aliada, Selina Kyle, interpretada com competência por Anne Hathaway. 

Nolan optou por um visual mais sóbrio,
para encerrar sua trilogia.
Ao contrário do visual estético moderno observado, por exemplo, nos últimos episódios do Homem Aranha, o Batman de Nolan preferiu seguir a linha da sobriedade. Em Ressurge não existe o prerrequisito de se ter visto os anteriores. 

Para finalizar, pode se afirmar que: primeiro, O Cavaleiro das Trevas Ressurge conseguiu um final digno para a trilogia de Nolan, e, segundo, que está entre os bons filmes de 2012, sem que isso possa significar uma assombro, pois nos últimos tempos as vacas andam muito magras pelos lados da Meca do cinema. 
Por Luiz Alvarenga

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